sábado, 18 de janeiro de 2014

Conhecendo outras culturas em um mesmo país(viagem ao Rio Grande do Sul)


As ruínas jesuítas de São Miguel das Missões,
na 
Região das MissõesPatrimônio da Humanidade
desde 
1983 no estado do Rio Grande do Sul.
    Como ainda não pensei em nada referente ao intercâmbio para escrever, vou escrever um pouco sobre minha viagem a Uruguaiana, fronteira com a Argentina e 24km do Uruguai. Tudo começou com 20hrs de viagem, trocando três vezes de ônibus, uma parada foi na cidade de Santo Ângelo cidade conhecida por ser a capital das missões jesuítas do século XVII, de lá entramos no terceiro e último ônibus rumo a Uruguaiana. Percebi que as estradas são muito retas, muito mesmo, quase sempre não se via uma curva no horizonte, também nota-se que o relevo é muito mais plano do que aqui no sudoeste do Paraná. Lá não possui muitos riachos e pequenos rios, na verdade não vi nenhum, só córregos feitos pelos fazendeiros para espalhar água pelas plantações, em maioria de arroz(Uruguaiana é a maior produtora de arroz do Brasil, e apontada por muitos especialistas como a maior produtora da América Latina), soja e gira-sol. Mas há grandes rios e muitos reservatórios de água, que se tornam imensos lagos em meio as plantações. Presenciei muitos rebanhos em maioria de bois, cavalos e ovelhas, nunca havia visto tantos cavalos quanto naquela região, não só no campo, mas também em carroças e soltos pela cidade. 

Gaúcho pilchado.
      Chegando em Uruguaiana você percebe que eles gostam de preservar sua cultura, possuindo inúmeros prédios históricos, em maioria particulares, além de muitas estátuas e túmulos. Também preservam o bom e velho chimarrão, vi idosos, adultos e até jovens com uma cuia de erva-mate nas praças e em frente as casas. Acredito que mais da metade da população ainda bebem o chimarrão, já a pilcha não era muito encontrada, só vi um gaúcho realmente pilchado por completo. Pra falar a verdade avistei alguns com bombacha, uns dez homens, porém quando há alguma celebração ou em rodeios acredito que se encontre muitos pilchados. A cidade possui muitos batalhões e patrulhas do exercito, além de três bases militares heranças da Revolução Farroupilha, da Guerra Grande e da Guerra do Paraguai. Pelo tempo que fiquei lá, vi a ambulância mais de 15 vezes, quase que 3 emergências por dia. No cemitério o coveiro me contou que são quase 5 mortos enterrados todos os dias na cidade e  em sua maioria jovens, sofrendo acidentes ou sendo assassinados.

Ficheiro:Igreja SUD uruguaiana rs.jpg
Uma capela mórmon em Uruguaiana, um exemplo
diversidade de religiões que se encontram na cidade.
      Você avista também muitas igrejas e templos de várias religiões. O calor nesta época do ano é quase que insuportável, e as chuvas são escassas. O transporte consta com um bom número de ônibus, acredito que quase 30, distribuídos em 9 linhas interurbanas, já as ruas, exceto no centro, são precárias. Também a ônibus que fazem rota para a Argentina, que demora cerca de 20 minutos. A cidade também é cortada por uma ferrovia que vai até a Argentina e segue por lá.  O sotaque é bem diferente, muitas criancinhas me falavam que eu falava engraçado. Além disso o cumprimento deles são três bejinhos ao invés de um como faço aqui. E também pão francês ou pão de água como chamo aqui, lá era chamado de "cacetinho". 
Desfile de 2010 da Escola de Samba Unidos da Covada Onça
      Lá existe uma grande variedade de estilos, na praça tem muitas pessoas que andam de skate, patins e bicicleta, há corredores e pessoal fazendo caminhadas, pessoas jogando basquetebol, voleibol de areia, futebol de campo e areia, crianças nos brinquedos, pessoas praticando slackline e outras dançando, ou  fazendo yoga, não consegui diferenciar, além de uns b boys ensaiando. Não posso me esquecer do carnaval em Uruguaiana que segundo boatos da população é ótimo, com desfiles e concentrações em clubes. Eu vi alguns carros passando com peças e esculturas enormes que como me falaram " é do carnaval". Uma das esculturas era uma bela onça pintada. E certamente você nunca verá tantos cachorros numa cidade quanto em Uruguaiana, lá pode existir quase que um cachorro por pessoa. Porque todas casas que eu via tinham em média dois cachorros, além de existir muitos cachorros nas ruas abandonados, a cada esquina você vê um cachorro ou mais procurando comida e carinho.

Ponte Internacional Getúlio Vargas-Agustin Pedro Justo.
           Rio Uruguai divide o Brasil e Argentina e passa bem colado a cidade, sendo que no lado argentino tem uma espécie de deque em volta do rio, com muretas na margem e bancos. Na cidade argentina de Paso de los Libres(nome derivado da passagem livre de brasileiros e uruguaios durante a Guerra do Paraguai) você também encontra várias estátuas e edifícios antigos, lá eu tomei um ótimo sorvete, ótimo mesmo. O povo de lá não era muito hospitaleiro, eu falava "buenas tardes" e nada, então ouvi eles se cumprimentando com apenas "buenas" e comecei a falar para todos argentinos que passavam "buenas", porém poucos respondiam. Os que respondiam falavam algo mais e aí eu me perdia tudo, porém eu tentava conversar e logo eles viam que eu era "brasileño". Lá as lojas abriam extremamente tarde em relação ao Brasil, o horário no período da tarde começava às 16:30h e em algumas às 18:00h, e ainda mais tarde graças ao horário de verão que aumentava uma hora em relação ao nosso horário. 
      Então a minha opinião sobre a viagem é que é uma boa escolha para ver construções antigas, conhecer história, não só vendo e lendo nas estátuas, mas falando com idosos nas praças, e quer conhecer uma diferente cultura em nosso próprio país e para quem quer mais, pode ainda ir para a Argentina e para o Uruguai que é bem próximo da cidade, porém um pouco mais difícil de chegar, tanto que não pude ir. 
Estátua do Barão do Rio Branco no centro da praça de Paso de los Libres, há também a estátua do barão no centro
da praça de Uruguaiana

Veja as fotos da minha viagem no álbum.
Veja também o vídeo da viagem no meu Vlog.